O cacau tem futuro
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"Não deixe que pairem dúvidas sobre a sua esperança.” (Lourival Lopes)
O cacau tem futuro
Durante quatro dias, o IV Festival Internacional do Chocolate, realizado no Centro de Convenções de Ilhéus, atraiu milhares de pessoas, todas curiosas em torno do mundo do chocolate, uma das grandes descobertas do homem. A abertura do festival reuniu os secretários estaduais da Agricultura e Irrigação, Eduardo Salles, do Turismo, Domingos Leonelli, e da Integração Regional, Wilson Brito; o deputado federal Mário Negromente, os estaduais Ângela Sousa, Mário Júnior e Pedro Tavares, a reitora da UESC, Adélia Pinheiro, e os diretores da Ceplac e da CAR, Jay Wallace e Vivaldo Mendonça. O prefeito Newton Lima foi representado pelo secretário de Governo, Edinei Mendonça.
Também estiveram presentes a vereadora Carmelita Ângela e o ex-prefeito Jabes Ribeiro – naquele momento já candidato oficial do PP a prefeito de Ilhéus. Candidata em Itabuna, Juçara Feitosa representou o deputado Geraldo Simões. A senadora Lídice da Mata foi a mais aplaudida da noite, reverenciada pelo coordenador do evento, Marco Lessa, e pelo presidente da Associação dos Produtores de Cacau (APC), Guilherme Galvão, como a parlamentar que mais tem enfrentado a luta do cacau no Congresso Nacional.
Embora as dificuldades da lavoura tenham sido reiteradas, a tônica dos discursos não foi de lamentação. Na opinião dos produtores e políticos, há possibilidades de resgate da economia do cacau, mesmo que não seja igual à epopeia do século 20. Infelizmente, as autoridades da República ainda não olham para o cacau com o mesmo respeito e reciprocidade que fazem com outras culturas.
Nos bastidores do evento, uma série de debates na Jornada do Chocolate, abordou a situação do cacau, a crise da lavoura, a preservação da natureza e as perspectivas do fascinante cenário da indústria do chocolate.
O lema é Conservação Produtiva
Em meio ao fogo cerrado que agoniza a cultura cacaueira, os produtores vivem ainda um cenário de incertezas. De um lado, a crise social que revela o abandono das fazendas, os milhares de desempregados, a falta de dinheiro. De outro, a sensação positiva de sustentar uma lavoura que ajuda a preservar a natureza, como é o caso da Mata Atlântica do Sul baiano. E de outro, a pesada legislação ambiental que se impõe sobre a lavoura endividada.
Em todas essas circunstâncias está o cultivo do cacau pela cabruca, um tipo de manejo que há 250 anos mantém a produção sustentável do produto. A partir desses princípios, dois produtores e pesquisadores, Dan Lobão e Wallace Setenta, lançaram o livro “Conservação Produtiva”, que sintetiza uma visão atualizada da cabruca para uma nova política de recuperação da produção cacaueira, inclusive, apresentada na convenção mundial Rio+20.
Pesquisa sobre cerveja e cachaça de cacau
A Universidade Estadual de Santa Cruz teve uma participação de destaque durante o Festival do Chocolate. Um estande na feira foi montado pelo curso de Línguas Estrangeiras Aplicadas às Negociações Internacionais (LEA). Além de participar da abertura do evento, a reitora Adélia Pinheiro visitou a feira acompanhada pelo embaixador da Bélgica, Claude Misson.
No terceiro dia da Jornada do Chocolate, uma mesa redonda sobre Inovação do Cacau contou com a participação de professores pesquisadores da UESC. O professor João Dias falou sobre tecnologias que a Universidade tem desenvolvido para o cacau, em parceria com a Ceplac, entre elas, o projeto “Inoculação de leveduras start na fermentação do cacau”.
A professora Ana Paula Uetanabaro mostrou pesquisas da agroindústria sobre uma cachaça baseada no mel de cacau e sobre uma cerveja de polpa de cacau. Ela explicou que a polpa representa um adjunto e não a matéria prima da bebida. O professor Gesil Amarante falou sobre projetos do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT).
Região tem maior quantidade de pobres
A Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) da Bahia, um dos maiores apoiadores do Festival de Chocolate, apresentou os projetos do programa Cacau Para Sempre, que leva apoio aos agricultores familiares produtores de cacau no sentido de promover a inclusão socioprodutiva a partir do fortalecimento do cultivo cabruca. Com a presença permanente do diretor Vivaldo Mendonça, foram apresentadas experiências que estão sendo feitas nas regiões do Baixo e do Extremo Sul. O assessor executivo da CAR, Lannes Almeida, revelou que pesquisas feitas pelo órgão mostram que o sul da Bahia possui a maior quantidade de pessoas na pobreza em todo o Estado. Ele defendeu novo fortalecimento do cooperativismo na região como instrumento para superar a crise econômica e social da lavoura.
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